C/2020 F3 NEOWISE

Atualizado em 6 set 2020
Segundo o Minor Planet Center (MPC-IAU), esse objeto foi detectado pela primeira vez em 27 de março de 2020 pela sonda WISE (Near-Earth Object Wide-field Infrared Survey Explorer)como um objeto de 17ª magnitude. A partir do dia 31 de março alguns observatórios situado na superfície da Terra passaram a acompanhar o cometa. O Telescópio Faulkes (em Siding Springs, Austrália), por exemplo, detectou o cometa como um astro de 18ª magnitude situado na constelação de Popa.Em 21 de abril o cometa foi observado por Marco Goiato (Araçatuba/SP) quando estimou o brilho em magnitude 11,8. Desde então nossos registros visuais mostram um cometa mais brilhante do que as efemérides (veja curva de luz abaixo). O cometa podia estar num salto de brilho ou SE mantivesse esse padrão de comportamento, sem ruptura ou queda de brilho, um cenário seria atingir magnitude zero na época do periélio, o que se comprovou conforme observações feitas no hemisfério norte durante a primeira semana de julho. De forma prudente e cautelosa haviamos usado inicialmente oselementos orbitais publicados na MPEC 2020-H235e parâmetros fotométricos calculados por Seiichi Yoshida (H₀ = 7,5 e n = 4) para apresentar a aparição desse cometa. Na segunda semana de maio o cometa foi observado logo após o pôr-do-sol brilhando na 10ª magnitude enquanto atravessava a parte oriental da constelação de Lebre, nas proximidades da estrela eta Leporis. As efemérides iniciais indicavam que o cometa estaria na 12ª magnitude nesse período. Na segunda quinzena o cometa atravessa o extremo sudoeste da constelação de Unicórnio, nas proximidades da estrela gamma Monocerotis. Nessa ocasião ele já estava ligeiramente mais brilhante do que a 9ª magnitude. Em 25 de maio Luiz Silveira (Joinville/SC) obteve a primeira imagem do cometa aqui no Brasil. Na ocasião seu brilho estava em magnitude 8,5 conforme os registros visuais. Na primeira semana de junho ele se situou na parte leste da constelação de Órion, porém sua elongação em relação ao Sol era inferior a 30 graus, de modo que imediatamente após o pôr-do-sol o cometa já estava mergulhado nas luzes do crepúsculo. Nessa ocasião seu brilho foi avaliado em torno de magnitude 7,5. Na terceira e quarta semana de junho o cometa atravessou o campo de visão da câmera C3 da sonda SOHO, apresentando duas caudas (iônica e poeira), com uma coma avaliada na 2ª magnitude. Tal valor é consistente com a previsão feita com base em nossas observações (veja a linha azul na curva de luz mais abaixo). Assim, esperava-se que por ocasião do periélio ele atingisse um máximo brilho entre as magnitude 0 e +1. Em 3 de julho de 2020 ele passou pelo periélio, distando 0,29 ua (43 milhões de km) do Sol, porém sua elongação em relação ao Sol é inferior a 15 graus. Nessa ocasião, os observadores de localidades situadas no extremo norte e nordeste do Brasil tiveram o cometa acima do seu horizonte em brevíssimos momentos durante o crepúsculo civil matutino. Na manhã de 6 de julho o cometa foi avaliado na 2ª magnitude por Lucas Camargo da Silva (Gif-sur-Yvette,França) por meio de binóculos 7x50. Em Garching (Alemanha), Raquei Yumi Shida informou que nuvens noctilucentes impediram a avaliação do brilho do cometa, mas permitiu obter uma bela imagem na manhã do dia 8 de julho.
A visibilidade vespertina desse cometa melhorou somente a partir da terceira semana de julho de 2020 para esses observadores do extremo norte e nordeste do Brasil. Nessa fase pós-periélica, Augusto C. de Souza (Imperatriz/MA) obteve imagens do cometa a partir de 20 de julho. Quanto aos registros visuais feitos no Brasil após o períélio, as primeiras observações foram feitas por Lauriston Trindade (Maranguape/CE) em 21 e 22 de julho. Na mesma ocasião Lucas Camargo (França) também acompanhou o cometa. Esses dois observadores avaliaram o brilho do cometa em torno de magnitude 3,5. Esses registros, assim como as imagens disponibilizadas, estão listadas AQUI. A seguir temos as previsões de retorno à visibilidade vespertina desse cometa em algumas localidades brasileiras:

`a partir de`	`magnitude`	`localidades`
`18 jul 2020 19 jul 2020 20 jul 2020 21 jul 2020 22 jul 2020 23 jul 2020 24 jul 2020`	`+3,0 +3,1 +3,3 +3,5 +3,7 +3,9 +4,0`	`Boa Vista/RR, Macapá/AP, Belém/PA, São Luis/MA Manaus/AM, Imperatriz/MA, Teresina/PI, Fortaleza/CE, Natal/RN Rio Branco/AC, Porto Velho/RO, Palmas/TO, J. Pessoa/PB, Recife/PE, Maceió/AL, Aracajú/SE Cuiabá/MT, Goiânia/GO, Brasília/DF, Salvador/BA Campo Grande/MS, Belo Horizonte/MG, Vitória/ES Londrina/PR, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ Curitiba/PR, Chapecó/SC, Florianópolis/SC, Porto Alegre/RS`

Nota: as simulações acima foram feitas por meio do programa SkyMap Pro 10 e considerou os instantes em que a altura do Sol é 10 graus abaixo do horizonte local e a altura do cometa superior a 5 graus. Em 22-23 de julho o cometa passou mais próximo da Terra, numa distância de 0,69 ua (103 milhões de km). Nessa data ele foi visível ao anoitecer brilhando próximo da 4ª magnitude e situado na constelação de Ursa Maior, cerca de 2,5 graus ao norte das estrelas lambda e mu Ursae Majoris. Em 27 de julho ele já era favorável para visualização nas demais regiões do Brasil ao anoitecer, porém seu brilho diminuiu para a magnitude 4,5 quando se situou no limite das constelações de Ursa Maior, Cães de Caça e Cabeleira de Berenice. Em 31 de julho ele se encontrou cerca de 1 grau a leste da estrela gamma Comae Berenices e seu brilho baixou para a 5ª magnitude. Em 3 e 4 de agosto ele se situou cerca de 1° da galáxia M64, na constelação da Cabeleira de Berenice. Em 6 de agosto o cometa esteve em conjunção com o aglomerado globular M53 (magnitude 7,6), situado apenas 0,9° a nordeste da estrela alpha Comae Berenices. No entanto, o brilho do cometa já diminuiu para a 6ª magnitude. Em 7 de agosto tivemos três cometas numa área de 10 graus no céu, situados no limite das constelações de Cabeleira de Berenice e Boieiro: C/2020 F3 NEOWISE, C/2017 T2 Pan-STARRS e C/2019 U6 Lemmon. Entre os dias 9 e 11 de agosto o cometa atravessou brevemente a parte nordeste da constelação de Virgem, nas proximidades da estrela 70 Virginis, ingressando em Boieiro entre os dias 12 e 15 de agosto, quando seu brilho ainda era avaliado na 7ª magnitude. A partir de 16 de agosto ele ingressou novamente na constelação da Virgem e permaneceu nessa constelação até o fim do mês, nas proximidades das estrelas upsilon e phi Virginis. Observações feitas no fim de agosto por José Aguiar (Campinas/SP) ainda indicaram que o cometa estava com magnitude próxima de 8,5. Durante o início de setembro o cometa ainda era visível na 9ª magnitude ao anoitecer nas proximidades da estrela mu Virginis.Até o momento foram compartilhadas 49 imagens e 150 observações visuais submetidas. As curvas abaixo foram obtidas por meio das fórmulas

`Elementos orbitais`	`MPEC 2020-O07`
`Época Periélio Distância do periélio (q) Excentricidade (e) Longitude do periélio (w) Longitude do Nodo Asc (W) Inclinação (i) Período (P)`	`2020 Mai. 31,0 2020 Jul. 3,6781 0,294662ua 0,999208` `37,2777°` `61,0120°128,9374° ~7,2 mil anos`