C/2011 W3 Lovejoy

           Elementos orbitais (MPC 77807)
           Periélio :  2011
Dez. 16.0121 TT
           Distância do periélio (q) : 0.
005556 UA
           Excentricidade        (e) : 0.999928

           Longitude do periélio (w) :  53.6228
º
           Longitude do Nodo Asc (W) : 
326.5346º
           Inclinação            (i) : 
134.4095º

 Ho = 14.5   n= 4.0

Observação positiva! A. Amorim detectou visualmente o cometa na manhã de 17 de dezembro de 2011 entre 08:06 e 08:19 TU usando binóculos 10x50 e estimando o brilho do cometa em magnitude -2,9 (aplicada correção). É possível que o cometa seja visível até final de dezembro de 2011 ao amanhecer, sendo extremamente necessário um horizonte sudeste livre de obstáculos, uma vez que a aparição do cometa sempre será durante o crepúsculo náutico.
Nos dias 18 e 19 foi a vez de Willian Souza (São Paulo) detectar o cometa em magnitude -1.
Na manhã dos dias 19 e 20 Reginaldo Nazar (Curitiba) também enviou seu registro. Inclusive o relato de Reginaldo Nazar no dia 20 é curioso pois lembra a experiência que Brazilício e os astrônomos do Imperial Observatório do Rio de Janeiro tiveram ao observar o Cometa C/1887 B1 Thome em janeiro de 1887: enquanto que a cauda era visível, a coma não era. Naquela ocasião, a coma do C/1887 B1 estava abaixo do horizonte. Já com o Cometa 2011 W3, a coma está mais fraca do que observações anteriores. Amorim estima que a magnitude da coma é mais fraca que +0.5 (registro do dia 20 de dezembro), porém após reduzir as imagens tomadas neste dia é possível detectar a cauda. Segue relato de Reginaldo Nazar no dia 20 de dezembro de 2011:

"Desloquei até Campo Largo a Oeste de Curitiba onde tem uma escarpa a 1200 metros que permite ver toda a Serra do Mar a +/-200 km de distância. Pela experiência de ontem
[dia 19] chegamos ao local perto das 5:20 [HBV = 7:20 TU] e às 5:25 estávamos varrendo o céu com o binóculos 15x70, para nossa surpresa a sua cauda já esta perceptível pelo binóculos [cerca de] 5 graus de altura... Às 5:31 o melhor momento a cauda estava vísivel a olho nu como uma mancha fina e comprida que estendia uns 2 graus acima de Epsilon Sco em direção ao horizonte possuindo pelo menos uns 10º de tamanho. Mas nada da coma...
a cauda era fraca em cima [parte oeste], mais forte no meio e fraca na parte de baixo [parte leste] devido a poluição. Estimei a parte forte da cauda em magnitude +3,5 usando Mu¹ Sco e Mu² Sco desfocadas... Tinha 10º de cauda visível e a parte [leste] estava a uns 5º de altura. Como tínhamos toda a Curitiba a [sudeste havia] a famosa inversão térmica, no horizonte tinha uma grossa camada de poluição e poeira".

Em Florianópolis, na manhã do dia 21 de dezembro, não foi possível detectar visualmente o cometa, restando ainda reduzir as imagens tomadas neste dia. Reginaldo Nazar, por sua vez, observou em local privilegiado (Agudos do Sul/PR) e detectou a coma na 2ª magnitude e uma cauda de 15 graus de extensão, obtendo belas imagens. Neste dia Willian Souza também obteve esta imagem, mesmo observando em São Paulo/SP.

No dia 22 de dezembro o cometa foi observado durante a 17ª Caminhada Arqueastronômica em Florianópolis. A. Amorim obteve esta imagem às 07:07 TU. Rogério Marcon obteve imagem em Campinas. Reginaldo Nazar e seus colegas do Grupo Nevoeiro tomaram mais imagens neste dia.

Dia 23 de dezembro: Imagens de João Amâncio (Belo Horizonte/MG), Maurício Kaczmarech (Ponta Grosa/PR) e Luiz Cláudio (Niterói/RJ).

Dia 24 de dezembro: Imagens de Eguimerson Rausis (Jaguariaíva/PR),
Alexandre Milito (Franca/SP), Nelson Falsarella (S. José do Rio Preto/SP) e Luiz Cláudio (Rio Novo/MG).

Dia 27 de dezembro: Robson Hahn obteve esta imagem em Nova Alexandrina/MS.

Dia 28 de dezembro: W. Souza observou visualmente o cometa e obteve duas imagens (1 e 2). Robson Hahn obteve outra imagem, desta vez em Dourados/MS.

Dia 29 de dezembro: A cauda do cometa foi observada por Gabriel Meneguzzi (Caxias do Sul/RS) embora ele não tenha detectado a coma.
A. Amorim observou visualmente o cometa estimou a coma na 5a magnitude através de binóculos 10x50, obtendo esta imagem.

Dia 31 de dezembro: C. Jacques, operando um telescópio remoto na Austrália, obteve esta imagem às 16:10 TU.

Na madrugada do dia 2 de janeiro de 2012, Marco Goiato estimou o brilho da coma em magnitude 6,5 através de binóculos 7x50. A coma ainda possui dimensão aparente de 12' e cauda de 10 graus de extensão.

Dia 5 de janeiro de 2012: Diego de Bastiani (Chapecó/SC) obteve imagens às 07:10 e 07:11 TU.

Em 6 de janeiro de 2012 o CBAT publicou a CBET nº 2967 (inscrição requerida) onde encontramos 22 (vinte e dois) registros visuais feitos unica e exclusivamente por observadores brasileiros. Enquanto que a grande maioria dos astrônomo amadores preocuoaram-se em obter belas e interessantes imagens do Cometa C/2011 W3, os observadores brasileiros dedicaram-se mais à fotometria visual.


Quer enviar suas imagens? Siga estas instruções.

Acompanhe as observações feitas no Brasil.



Segundo os elementos orbitais divulgados na MPEC 2011-Y23 combinados com os parâmetros fotométricos calculados através das observações visuais feitas no Brasil, temos as seguintes perspectivas (válidas para a latitude de Florianópolis):

Até 29 de dezembro de 2011: cometa na 4ª e 5ª magnitudes visível apenas ao amanhecer em Escorpião e Altar.
Dia 30 de dezembro de 2011: cometa na 6ª magnitude visível tanto ao amanhecer como ao anoitecer em Altar.
De 31 de dezembro de 2011 a 5 de janeiro de 2012: cometa na 6ª e 7ª magnitudes visível durante toda a noite deslocando-se por Altar, Triângulo Austral e Ave do Paraíso.


Carta de busca (período matutino de Florianópolis) com a trajetória do cometa entre os dias 2 e 11 de janeiro de 2012.


Carta de busca
(período vespertino de Florianópolis) com a trajetória do cometa entre os dias 2 e 11 de janeiro de 2012.



Outras informações:

Este cometa foi descoberto pelo australiano Terry Lovejoy em 27 de novembro de 2011. Os elementos orbitais indicam que o cometa é um membro do grupo de Kreutz (cometas arranhassóis que brilham muito nas proximidades do Sol). A última vez que um cometa de Kreutz foi detectado em solo na fase pré-periélica foi em 1965 (C/1965 S1 Ikeya-Seki). Por outro lado, a última vez que um cometa do mesmo grupo foi detectado em solo, porém na fase pós-periélica, foi em 1970 (C/1970 K1 White-Ortiz-Bolelli). Em anos recentes a sonda SOHO tem descoberto diversos cometas deste mesmo grupo. O cometa passou pelo campo de visão da sonda STEREO-B conforme imagens tomadas no dia 13 de dezembro de 2011 à 01:18 TU e 11:18 TU.
Os internautas assistiram o trânsito do cometa no campo de visão da câmera C3 da sonda SOHO nos dias 14 a 17 de dezembro.
Conforme imagem da SOHO em 14 de dezembro de 2011, às 09:32 TU, o cometa apresentou-se como um astro de 1a magnitude (aproximadamente 4 magnitudes mais brilhante que as efemérides previstas da MPEC 2011-X36). Imagem recente feita pela SOHO em 15 de dezembro de 2011 às 09:30 TU mostrava um cometa com magnitude em torno de -1 com cauda ligeiramente curvada estimada em 3 graus.
Karl Battams detectou um fragmento acompanhando o cometa principal. Na imagem das 09:30 TU do dia 15 era possível discernir o fragmento (C/2011 W3-B ?) de 6a magnitude, situado cerca de 0,5 graus a norte do cometa principal. Examinando imagens da câmera C2 foi possível detectar uma pequena cauda deste fragmento.

Aqui no Brasil, na madrugada do dia 4 de dezembro de 2011, o observador Marco Goiato estimou o cometa em magnitude 10,7 por meio de um telescópio newtoniano de 220 milímetros. Tentativas de observação visual feitas em Florianópolis na manhã de 15 de dezembro entre 07:45 e 07:55 HBV por A. Amorim, usando binóculo 10x50, não deram resultado positivo de detecção, embora algumas nuvens tenham prejudicado a visão. Outras tentativas feitas às 10:30, às 12:30 e às 17:30 HBV não detectaram nenhum objeto mais brilhante que magnitude -4, sendo possível apenas na manhã do dia 17 de dezembro. A vez anterior em que um cometa de Kreutz foi observado visualmente no Brasil foi em 23 de maio de 1970 quando Vicente Ferreira de Assis Neto observara o C/1970 K1 White-Ortiz-Bolelli.

A princípio esperava-se que o cometa não sobrevivesse à passagem pelo periélio. Imagens da sonda SDO (NASA) mostraram o cometa entre 23:58 UT (15/dez) e 00:02 UT (16/dez). Porém, outras imagens apontavam para a sobrevivência pós-periélica do cometa. Imagem da câmera C3 da SOHO feita em 16 de dezembro às 09:30 TU confirma a sobrevivência pós-periélica, onde o cometa se apresenta em magnitude -3 (aproximadamente).
Jakub Èerný e equipe (Rep. Tcheca), acessando telescópio robótico localizado na Argentina, obteve imagens nos dias 6, 7, 8, 10 e 11 de dezembro de 2011 , bem como na manhã de 17 de dezembro às 09:00 TU e em 18 de dezembro às 09:00 TU.

Segundo os elementos orbitais recentes (MPEC-Y23) o cometa deve passar pelo ponto mais próximo da Terra (0,5 UA ~ 75 milhões de km) no dia 7 de janeiro de 2012 às 16:55 HBV. No anoitecer deste dia o cometa possivelmente estará com magnitude 7,5 e cerca de 1 grau ao norte da estrela S Octantis.

[informações atualizadas em 6 de janeiro de 2012, às 10:00 HBV]
Acompanhe outras informações no website principal  da Secção de Cometas/REA.



Fontes:
 
Southern Comets Homepage (Michael Matiazzo)
 Cometography (Sungrazers page) (Gary Kronk)
 
Introdução aos Cometas (Ronaldo Mourão)
 Pick of the Week - website da SOHO
 Sungrazer Homepage  (Karl Battams)


As curvas foram obtidas por meio das fórmulas

m1 = 14.5 + 5 log D + 10 log r (MPC/IAU)

m1 = 9.6 + 5 log D + 14.3 log r (observações visuais feitas no Brasil)


©2007 Yoshida - soft Comet for Win

Órbita: o diagrama abaixo mostra a órbita e as posições do cometa e da Terra por ocasião do periélio. (©2002 JCRuig - soft Orbitas)

    Todas as informações desta página são ©2011-2 Costeira1 e Cometas/REA

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