Na verdade, algumas pessoas desconhecem,
mas foi de Pernambuco, que surgiu a primeira equipe amadora
do Brasil, que redescobriu e fotografou o cometa Halley na sua última
aparição. Essa equipe, reunida no Clube Estudantil de Astronomia, na época em que seu fundador ainda estava vivo, (Pe. Jorge Polman), era composta por: Audemário Prazeres (Coordenador), Ricardo Luís, Ricardo e Juracy Amorim. Nossas observações foram divulgadas nas principais instituições astronômicas do Brasil e do exterior, destacando o INTERNATIONAL HALLEY WATCH – IHW na NASA. Onde mantivemos um proveitoso intercâmbio com o Dr. Stephen J. Edberg (Coordenator for Amateur Observations and Bulletin Editor). E a LIADA – Liga Ibero-americana de Astronomia na Venezuela, com o seu presidente e editor do Boletim Universo, Dr. Ignacio Ferrin. Aqui no Brasil, além de várias instituições, destacamos o Clube de Astronomia do Rio de Janeiro - CARJ, presidido na época pelo renomado astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, onde no boletim do CARJ, Vol. 10, página 146 de 1985, relata: “Assim, graças a seus observadores, o CARJ tornou-se a primeira entidade do Rio e a Segunda entidade amadora no Brasil a detectar o cometa. Antes, ele só tinha sido observado no Recife pela equipe do Clube Estudantil de Astronomia – CEA: Audemário Prazeres, Ricardo Luís, Ricardo e Juracy Amorim. Se outros amadores já o tinham observado NÃO FIZERAM NENHUMA DIVULGAÇÃO DO FATO. Polêmicas à parte, fica aqui o registro. A DIRETORIA” Os dados de nossas observações foram também registrados nos Boletins UNIVERSO da LIADA, número 22 de 1986 em sua edição especial, páginas 78 e 81. E no número 22 Vol. 6 de 1986 nas páginas 20,25 e 28, onde é possível, fazer uma comparação dos nossos trabalhos em relação aos demais países que integram a LIADA. Além de artigos publicados no Diário de Pernambuco em 01/12/1985, com a seguinte manchete: “JOVENS ASTRÔNOMOS DA VÁRZEA FOTOGRAFAM HALLEY”, na pág. A-15. E “NOVAS FOTOS DO HALLEY OBTIDAS NA VÁRZEA SÃO ENCAMINHADAS À NASA” em 08/01/1986. Havendo publicação de uma de nossas fotos no Caderno Viver do Diário de Pernambuco, na pág. 01 em 23/01/1986. COMO FOI? Estávamos procurando o Halley no início de Setembro de 1985, onde diversas foram as noites em que ficamos sem dormir, a procura do Halley. Foi um trabalho bastante cansativo, pois as condições meteorológicas não estavam colaborando. As vezes as nuvens eram tão intensas, que passavam horas para abrir um espaço no céu. Algumas noites, fazíamos duplas para não forçar o grupo. Com o auxílio de mapas e dados da revista “SKY & TELESCOPE” de Outubro de 1985; do Anuário do CNPq, LIADA e AAVSO, sem esquecer das referências enviadas pelo Dr. Stephen J. Edberg do IHW. Conseguimos finalmente encontrá-lo na madrugada do dia 17 de Outubro de 1985, às 05:30h TU., um telescópio de 10” F/5, com uma ocular de 20mm, adaptada em Nebulae Filter NP-3. Onde descrevemos as seguintes características: “Objeto difuso arredondado; muito apagado; visão indireta; bem mais fraco de brilho do que M.1 – As 05:30h TU, obtivemos a posição no Atlas Eclip. (1950.0) AR 05h 54,6m com Decl. +20 graus, 50,2' Transparência do céu M.11,5 nas Plêiades; meteorologia com forte poluição luminosa; com grandes campos de nuvens, intermeados de altocirrus”. Após a confirmação de nossos dados perante a comunidade astronômica, fizemos uma série de tomadas fotográficas. Sendo em 28 de Outubro de 1985, obtivemos a primeira fotografia em que mostra perfeitamente a COMA NASCENTE DO HALLEY. Esta foto, teve o seu tempo de exposição de 21 minutos, tomadas em um newtoniano 10” F/5 Cave Astrola, com sistema de acompanhamento clock-driver, tendo sido acoplado ao foco primário, uma máquina fotográfica Reuveflex, URSS, com filme Kodak VR-1000 e Tri-X. Poderíamos no mês de Setembro de 1985, ter fotografado a região onde se encontrava o Halley, e ter encontrado um pouco antes. Mas estávamos com alguns problemas de alinhamento no clock-drive, e estávamos fazendo uma série longa de tomadas fotográficas, para melhor definir o tempo de exposição de cada filme utilizado. Inclusive, tivemos que montar um pequeno laboratório fotográfico para revelar os filmes. Essa medida foi necessária, devido à vários filmes terem sido perdidos pelas empresas que enviamos para revelar. Imaginem vocês, que além de colocar-mos observações por escrito que nos negativos iriam aparecer pequenos pontos, por se tratar de astrofotografia, os “técnicos” dessas empresas, nos davam os negativos afirmando que “o filme queimou todo” ou “Esse filme não foi batido, deve ter ficado preso no sistema de rebobinamento”, e quando procuramos saber os detalhes do processo de revelação, ficamos ciente que o tempo em que permaneciam o filme mergulhados na solução reveladora, era igual a de uma foto comum. Foi então que tomamos a decisão de montar um pequeno laboratório para revelação de fotos preto e branco (para fotos coloridas o processo é um pouco mais complicado). Desta forma, com muito trabalho, paciência e acima de tudo dedicação, conseguimos vencer inúmeros obstáculos para atingir os nossos objetivos. [Acima] observamos a primeira foto do Halley, onde observamos a formação da “cabeleira”, que resultará na cauda do cometa. |