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MANCHAS DE ALBEDO


RECONHECIMENTO DAS MANCHAS DE ALBEDO:

Quando visto ao telescópio, Marte apresenta em sua superfície, regiões claras e escuras, conhecidas como manchas de albedo. Essas manchas possuem tonalidades heterogêneas e mantém um padrão secular quase constante.
De acordo com as sondas espaciais que analisaram o planeta, as manchas escuras são compostas de areia grossa, rochas escuras, cinzas vulcânicas, fendas cobrindo um sedimento fino como lodo ou dunas de areia escura (dunas de areia escura são raras na Terra, mas comuns em Marte). Na região conhecida como Olympia Planitia, que rodeia a região onde deposita-se a Capa Polar Norte, existe dunas de areia com um material muito escuro. Ela é facilmente identificada através dos telescópios como um colar escuro rodeando a calota polar em toda a sua extensão, principalmente entre a primavera e verão, quando ocorre o degelo. As manchas claras marcianas são constituídas por um pó fino e leve. Com a presença de fortes ventos (atividade eólica), estes fazem o pó fino (claro) deslocar-se, ora cobrindo e ora descobrindo as regiões de areia grossa (escura), causando algumas mudanças relativas na forma e tonalidade das manchas escuras. Muitas vezes, algumas manchas escuras chegam a desaparecer e outras surgem inesperadamente.

Certamente essas mudanças demonstram a intensidade da atividade eólica do planeta e ajudam a identificar as regiões marcianas de maior instabilidade climática.

Cada aparição de Marte, mostra um aspecto geral que difere tanto das aparições prévias, como de todas próximas aparições.


Figura 2. Mudanças morfológicas em Syrtis Major. A imagem de 2001 foi feita por N. Falsarella e as demais imagens feitas pelo Observatório Lowell.

Alterações notificadas por telescópios podem ser percebidas em períodos de poucos dias a anos.
O trabalho de observação das manchas de albedo, através de telescópios, é muito importante. A descoberta de novas manchas não é raro. Em 1977, os observadores do I.M.P. descobriram uma mancha escura na região desértica de Aetheria. Esse acidente areográfico aparecia nas fotos feita pelo orbitador Viking em 1976, mas havia passado despercebido pelos cientistas da N.A.S.A. Em 7 de agosto de 1988, o norte-americano Stephen J. O’Meara, usando o refletor de 60 polegadas de Monte Wilson (E.U.A.), descobriu uma faixa escura estendendo-se ao longo da borda norte dos Mares Sirenum e Cimmerium, sendo depois batizada com o nome de “Valhalla”. Em 1997, Nelson Falsarella, através de um telescópio newtoniano (D=200mm f6,5), também observou e documentou a imagem de uma figura escura e alongada na superfície de Marte, na região de Tharsis. Ela separava os vulcões Olympus Mons e Alba Patera dos três grandes vulcões da Serra Tharsis (ver Projeto de Observação de Marte em 2001 da REA).

Após a grande tempestade de poeira ocorrida em 2001, houve um escurecimento marcante na região de Daedalia-Claritas.

Em relação às manchas de albedo, deve-se ficar alerta nas regiões escuras que sofreram modificações nos últimos anos.

Algumas notificações de alterações morfológicas das manchas de albedo já podem ser consideradas.
A região escura do Tyrrhenum mare, em sua porção sul, encontra-se bastante esmaecida em relação às aparições anteriores a 2003. Essa alteração já havia sido notificada na aparição de 2003 e persiste na presente aproximação de 2005. Outra região que demonstra uma evidência importante é uma região escura conhecida por Moeris Lacus. Essa região trata-se de uma mancha escura “saliente” justaposta ao leste do Syrtis Major. Essas duas condições tornam a região de Syrtis Major e o Tyrrhenum mare muito parecida com uma imagem de Marte de 1941 feito no Observatório Lowell (EUA), vide figura 2.


Figura 3. Mudanças morfológicas em Tyrrhenum. A imagem de 2001 mostra que a porção sul do Tyrrhenum está mais escura que a imagem notificada em 2003. Observação: o sul está acima e o norte abaixo. Imagens de N. Falsarella.
Outro fato interessante, percebido na atual aparição, não vista nas últimas décadas de observação telescópica, é o surgimento de uma mancha escura no local onde se situa o grande vulcão marciano Olympus Mons. É como se esse vulcão tivesse escurecido, pois normalmente ele não é visível ao telescópio. As únicas evidências de observação telescópica do Olympus Mons são a sua observação durante as tempestades de areia globais marcianas, onde ele se destaca devido ao contraste de suas encostas escuras, que são visíveis acima da camada de poeira mais clara que o envolve próxima a sua base, ou então pelo surgimento de brilhantes nuvens orográficas em seu cume.

Algumas manchas possuem alterações ligadas com as mudanças de estações marcianas, como normalmente é vista nas localidades de Syrtis Major (300° W, 10° N), Pandorae Fretum (345° W, 25° S), Nilokeras-Lunae L. (60° W, 25° N), Candor-Tharsis (90° W, 10°N), Elysium-Trivium Charontis (210° W, 22° N), Mare Australe (90° W, 75° S) e Aonius Sinus (105° W, 47° S).

Outras possuem alterações notificadas ao longo de décadas, como em Nodus Laocoontis-Amenthes (245° W, 10° N), Nepenthes-Thoth (268° W, 08° N), Thoana Palus (256° W, 35° N), Moeris L. (270° W, 08° N), Antigones Fons-Astaboras complex (298° W, 22° N), Margaritifer S.-Hydaspis S. (30° W, 02° S), Solis Lacus (85° W, 26° S), Nilokeras-Lunae L. (60° W, 25° N) e Acidalium Fons-Tempe C. (60° W, 58° N).

O Syrtis Major não sofre alterações morfológicas desde 1990, segundo as imagens do Telescópio Espacial Hubble. Segundo Antoniadi (1930) e Capen (1976), o Syrtis Major possuía variações sazonais, ficando mais largo no meio do verão do hemisfério norte (Ls=145º) e menos largo durante o início do inverno (Ls=290º), logo após o periélio. Nas aparições de 1993 e 1995, o Acidalium mare esteve bastante escuro, mas clareou na aparição de 1997, 1999 e 2001. O Trivium-Cerberus, no anel sul do escudo de Elysium, que aparecia como uma mancha escura, desapareceu nos anos 90.

O uso de filtros alaranjados e vermelhos realça o contraste entre as regiões escuras e as claras.
Observação: Normalmente usa-se colocar o planisfério marciano com o sul acima e o norte abaixo.

No endereço a seguir, tem-se acesso a um mapa das Manchas de Albedo de Marte, com a nomenclatura detalhada, feita por Daniel M. Troiani e Carlos E. Hernandez da ALPO (EUA).

http://www.lpl.arizona.edu/~rhill/alpo/marstuff/Mars2000.jpg