CALOTAS POLARES

Devido à posição em sua órbita, em 2003, Marte apontará apenas o polo sul para Terra. A inclinação de seu eixo estará variando da seguinte forma: -21,1º em 28 de junho, -20,1º em 28 de julho, -18,8º em 28 de agosto, -19,8º em 28 de setembro, -22,9º em 28 de outubro, -25,6º em 28 de novembro e –25,8º em 28 de dezembro.

Devido a essa posição, será possível visualizar a região polar sul. A região polar norte estará pouco visível, mas poderá ser observado o aparecimento de nevoeiros que alguns observadores consideram como sendo a Cobertura Polar (em inglês: Polar Hood). A Cobertura Polar Norte (North Polar Hood) poderá ser vista como em 1988. Ela será vista como um embaçamento azul acinzentado de pouco brilho na região polar norte.

Muito diferente da Cobertura Polar Norte, a capa de gelo formada no pólo sul será de um destaque marcante e brilhante. Nos meses de abril a agosto, ela deve brilhar como a marca mais facilmente observável na superfície de Marte, mesmo em telescópios de pequena abertura (~60mm de diâmetro). A capa polar sul estará em derretimento, e a redução de seu tamanho será bem perceptível ao longo dos meses. É possível notificar a latitude alcançada pela borda da capa polar sul.

O surgimento e o derretimento das capas polares são de comportamentos variados para cada ano marciano.

A recessão da capa polar sul não é uniforme em longitude, pois ela é excêntrica ao seu polo de rotação, em torno de 6,5º. Por isso, durante o verão e nas aproximações periélicas, ela é melhor notada na longitude 60º e muito mal vista na longitude 220º.

O fenômeno de frio afélico também pode ocorrer, porém de aspecto bem mais fraco que na Capa Polar Norte.

Algumas fendas escuras dentro da capa podem surgir no início do verão, sendo conhecidas como Rima Augusta, Rima Australis (290º-350ºW) e Argenteus Mons (10º-20ºW). As nuvens são muito menos predominantes após o equinócio, em relação à Capa Polar Norte, embora possam ocorrer nuvens de poeira próxima à periferia da capa.

Existe a formação de vários remanescentes gelados destacados da Capa Polar Sul em retração: Novus Mons, Thyles Mons e Thyles Collis.

A famosa "Novissima Thyle" (também conhecida como Novus Mons ou Montanhas de Mitchel, quando é vista dividida em um par de manchas brancas brilhantes) é o remanescente gelado mais destacado da Capa Polar Sul em retração. Ela é vista no início do verão nas coordenadas 70ºS e 300-330ºW. Elas parecem um fragmento pequeno desconectado da Capa Polar Sul. O momento de surgimento parece variar de ano a ano, mas poderá ser vista a partir de 10 de junho.

A Capa Polar Sul residual, conhecida como "Hypernotius Mons", é percebida como um pequeno brilho, de aparência estelar, próximo à borda interna do disco do planeta.

O Efeito "Salva-Vidas" ou "Life-Saver" em inglês, é um outro fenômeno, ainda inexplicável, em Marte. Ele pode ocorrer durante a retração da Capa Polar Sul, como um buraco escuro bem próximo ao centro da capa. Esse efeito foi documentado em imagens feitas durante o mês de junho de 2003, como uma mancha escura centrada no pólo sul marciano.

Retração da Capa Polar Sul em 1988. Por N. Falsarella.

GLOSSÁRIO:

COBERTURA POLAR: É uma nuvem espessa, cinza ou azulada, normalmente mais escura que a capa polar. Ela surge sobre a capa polar e normalmente precede o crescimento da capa. Ela não é visível no filtro vermelho (enquanto que a capa polar é ), mas é proeminente no filtro azul ou violeta. O seu comportamento ainda é pouco compreendido.

FRIO AFÉLICO ou em inglês "Aphelic Chill", é outro fenômeno atmosférico de Marte. Esse termo foi sugerido pelo professor norte-americano Clyde William Tombaugh. Trata-se de um ressurgimento da cobertura polar no final da primavera. Ele é causado aparentemente pela sublimação do gelo, que condensa-se na forma de vapor d´agua na fria atmosfera polar. Esse nevoeiro obscurece a fraca insolação afélica, e inclusive, pode permitir que ocorra uma nova condensação da Capa Polar Norte, fazendo-a crescer novamente. Um forte Frio Afélico foi observado em 1982. O autor desse projeto e outros observadores do "International Mars Patrol" puderam observar o Frio Afélico em dois episódios distintos durante a aproximação de Marte em 1995. O fenômeno foi notado, ao perceber-se que a Capa Polar Norte, que era vista sempre brilhante, perdeu seu brilho na formação da cobertura polar.