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DINÂMICA METEOROLÓGICA |
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Na observação telescópica, a análise da atividade meteorológica marciana é o trabalho mais importante. Em Marte existem nuvens de muitos tipos, e conforme a época do ano marciano, pode-se esperar por determinadas nuvens. As nuvens de cristais de gás carbônico e água, podem ser notificadas na visão direta em luz integral ou com filtros verde, azul ou violeta. As nuvens de poeira ou tempestades de poeira, são melhor detectadas em filtros laranja e principalmente vermelho. Embora seja difícil ao observador iniciante identificar as nuvens marcianas, considera-se que a observação contínua do planeta, determina uma relação cada vez mais familiar com os acidentes areográficos. Após alguns dias de observação, a visão torna-se mais aguçada, podendo-se então distinguir alguns brilhos sobressaindo na superfície do planeta, principalmente se essas luminosidades estiverem localizadas em regiões que normalmente são mais opacas. Esses brilhos são as nuvens marcianas e são melhor vistas com o uso de filtros coloridos. Durante o início do período de observação marciana será outono no hemisfério norte e a primavera no hemisfério sul. A Capa Polar Sul (primavera) estará em retração. O solstício será em 29/09/2003, momento em que será início de inverno no hemisfério norte e verão no hemisfério sul. O próximo equinócio será apenas em 05/03/2004 (início de outono no hemisfério sul e início de primavera no hemisfério norte marciano). A primavera e o verão do hemisfério sul marciano é geralmente seco, pois o degelo da Capa Polar Sul não libera tanta água como a Capa Polar Norte, que é mais rica em água. Por isso, a atividade de nuvens de natureza aquosa e de gás carbônico será reduzida no hemisfério sul. As famosas neblinas de limbo, nuvens localizadas e faixas de nuvens equatoriais tendem a ser reduzidas nesse período, principalmente a partir de outubro. No hemisfério norte, pode-se procurar as nuvens orográficas nas regiões de Tharsis e Elysium.
Diferente dos demais tipos de nuvens, deverá haver o aumento de intensidade da atividade de poeira. Assim, as nuvens de poeira podem aparecer, inclusive formando tempestades de poeira locais, regionais ou até mesmo globais, como aquela ocorrida no segundo semestre de 2001. Apesar das tempestades de poeira ocorrerem em qualquer época do ano marciano, elas são mais freqüentes e intensas durante o verão do hemisfério sul, logo após o solstício de verão, ou melhor, no final de setembro desse ano. Apesar disso, deve-se ficar atento nas regiões de Hellas, Serpentis-Hellespontus, Noachis e Solis Lacus à partir de 13 de julho, sempre usando filtro vermelho para destacá-las. Deve-se ter uma atenção especial em relação a região compreendida entre Thaumasia e Solis Lacus, um platô de 8 Km de altura, que também recebe influência do canyon Valles Marineris, local de muitas tempestades de poeira regionais. Os cientistas planetários tem estabelecido, com base em dados climáticos do planeta, que a chance de haver uma tempestade global, para 2003, fica em torno de 30 a 50%. Em 20 de maio de 2003, a sonda orbital Mars Global Surveyor, captou imagens de uma tempestade de poeira regional em Syria, a nordeste de Solys Lacus. |
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GLOSSÁRIO: A) NEBLINAS DE LIMBO (em inglês: Limb Haze): aparece como um arco luminoso no limbo nascente ou poente do planeta. É causada pela visão oblíqua da atmosfera marciana com seus aerossóis suspensos: cristais de gelo do tipo cirros, cristais de CO2, poeira fina ou a mistura desses componentes. Eles desaparecem entre 8 ou 9 horas ou surgem às 16 ou 17 horas locais de Marte. Quando eles estão altos são melhor visíveis com filtro violeta (compostos de cristais de CO2 ) e se estão baixos, são visíveis com filtro azul (cristais de CO2 ou vapor d’água) ou verde (devido à mistura com a poeira amarela do solo). O observador não experimentado pode confundi-las, às vezes, com algum possível fenômeno ótico do telescópio. A certeza só ocorre no momento de melhor nitidez da imagem: se for neblina fica bem evidente e se for fenômeno ótico ele desaparece. B) NUVENS DO LIMBO (em inglês: Limb Cloud): É a condensação maior de uma neblina, tornando-as mais brilhantes e visíveis mesmo na ausência de filtros. Elas são comuns no amanhecer, podem se estender um pouco além da borda planetária e desaparecerem após o nascer do Sol. Existe um tipo de nuvem do limbo que é também notada próxima ao terminador de Marte e é conhecida como nuvens da manhã e da tarde. As nuvens da manhã, às vezes, são cerrações associadas à geadas próximas ao limbo matinal. Assim são melhor vistas em filtros azul esverdeados, azuis e até mesmo no amarelo. A cerração dissipa no meio da manhã, enquanto que a geada pode persistir na maior parte do dia, dependendo da estação. As nuvens da tarde geralmente são maiores e mais numerosas que as nuvens da manhã. Elas aparecem como manchas brilhantes isoladas sobre regiões desérticas claras no final de tarde e tendem a crescer com o anoitecer. São melhores vistas em filtros azuis. C) NUVENS OROGRÁFICAS: São manchas brancas e discretas que surgem no alto das montanhas, principalmente nos vulcões da região de Tharsis e Elysium. Em 1997, as nuvens orográficas do vulcão Olympus Mons apareciam como um leve floco de neve, no meio do disco planetário, visível mesmo sem o uso de filtros (veja a revista Sky & Telescope de setembro 1997, página 102). Quando vistas no poente, essas nuvens brilhavam tanto que atingiam valores fotométricos de 0,2. Porém, em 1999, as nuvens orográficas de Tharsis estiveram mais escuras que as de Elysium. A formação de nuvens puntiformes em cada vulcão de Tharsis, causa configurações folclóricas conhecidas como nuvens em "Dominó" ou também em "W" se elas coalescerem-se. Elas são constituídas de vapor d’água e são melhor vistas em filtro azul e violeta. Elas normalmente surgem à tarde e no final do dia e podem tornarem-se tão brilhantes como uma capa polar. |
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Nuvens Orográficas em Marte_Imagem. Por N. Falsarella. D) NUVENS DE POEIRA E TEMPESTADES DE POEIRA: São de formação rápida, mas demoram semana ou meses para se dissiparem. Elas se deslocam e causam redução da definição das marcas escuras do planeta. Podem ser precursoras das grandes tempestades de poeira. Elas surgem normalmente em Solis Lacus, Hellas-Noachis, Isidis, Chryse e Casius-Aetheria. São melhor visíveis em filtro laranja ou vermelho. Se o formato costumeiro das manchas de albedo deformarem-se em relação aos dias anteriores e se também haver um realce no brilho, quando visto através de filtro vermelho, pense em poeira ou até tempestade de poeira. E) NUVENS AZUIS: São visíveis em filtro azul ou violeta e ocorrem mais freqüentemente entre o equador e a latitude 30°N. As análises polarimétricas indicam que essas nuvens são compostas de partículas muito pequenas e de natureza não definida. F) FAIXA DE NUVENS EQUATORIAIS: É um fraco véu de nuvens branco-azuladas de forma variada que se estende através do disco de Marte. É melhor vista em filtro violeta e surge durante a sublimação de cada capa polar. Foi observada durante as aparições de 1992-1993, 1994-1995, 1997 e 1999, principalmente entre Tharsis e Amazonis. Nas aparições de 1997 e 1999, elas estiveram tão brilhante que foram facilmente vistas sem o uso de filtro. O Telescópio Espacial Hubble revelou que essas nuvens são mais freqüentes que o constatado no passado. No encontro de astrônomos planetários do Mars Telescopic Observations Workshop-II, concluiu-se que muitas das nuvens de limbo são simplesmente porções das Faixas de Nuvens Equatoriais vistas obliquamente no limbo planetário. G) NUVENS LOCALIZADAS OU DISCRETAS:. São nuvens que aparecem em qualquer local do disco planetário. Algumas formam-se no amanhecer e outras no entardecer. Elas podem persistir por muitos dias, crescerem e moverem-se. Algumas são de natureza topográfica, surgindo em grandes planos, vales, bacias (Hellas e Argyre I) e crateras profundas. Elas são bastante intensas e brilhantes a ponto de serem vistas mesmo sem filtros. São formadas de cristais de água e poeira, muitas vezes proveniente da sublimação do gelo superficial. A nuvem localizada mais famosa é a "Nuvem Azul de Syrtis", de natureza sazonal e conhecida há mais de um século, ocorre todo o ano marciano, principalmente quando próximo do solstício de verão do hemisfério norte e persiste por alguns dias. Essa nuvem aparece sobre as regiões de Libya, Isidis e Syrtis Major. Curiosamente o escuro Syrtis Major adquire uma coloração azul exuberante, principalmente quando visto próximo ao limbo do planeta. O autor, analisando as imagens de Marte feitas pelo Telescópio Espacial Hubble, intensificando a sua coloração através do computador, pode constatar que as Faixas de Nuvens Equatoriais, são responsáveis pela coloração azul de Syrtis Major, principalmente quando essa região está próxima das bordas leste ou oeste do disco planetário. Uma imagem feita pela sonda Mars Global Suveyor em 1999, mostra claramente a Nuvem Azul de Syrtis. O endereço da imagem é: ( http://mars.jpl.nasa.gov/mgs/msss/camera/images/4_11_99_syrtis/moc2_117_msss.jpg ).
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