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DINÂMICA METEOROLÓGICA


DINÂMICA METEOROLÓGICA:

Na observação telescópica, a análise da atividade meteorológica marciana é o trabalho mais importante.

Em Marte existem nuvens de muitos tipos, e conforme a época do ano marciano, pode-se esperar por determinadas nuvens.

As nuvens de cristais de gás carbônico e água, podem ser notificadas na visão direta em luz integral ou com filtros verdes, azuis ou violetas. As nuvens de poeira são melhor detectadas em filtros laranja ou vermelho.

Embora seja difícil ao observador iniciante identificar as nuvens marcianas, considera-se que a observação contínua do planeta, determina uma relação cada vez mais familiar com os acidentes areográficos. Após alguns dias de observação, a visão torna-se mais aguçada, podendo-se então distinguir alguns brilhos sobressaindo na superfície do planeta, principalmente se essas luminosidades estiverem localizadas em regiões que normalmente são mais opacas. Esses brilhos são as nuvens marcianas e são melhor vistas com o uso de filtros coloridos.

O período de observação coincidirá com o meio do verão do hemisfério norte. No hemisfério norte, o verão iniciou em 29/01/1999 e o outono começará em 31/07/1999.

A atividade de nuvens deverá estar abundante durante todo o período.

Deve-se ficar atento aos fenômenos atmosféricos como as neblinas de limbo, as nuvens de limbo e aos nevoeiros que podem surgir na região polar antártica.

No início do verão, as nuvens orográficas e as nuvens em "W" devem surgir nas regiões vulcânicas de Tharsis, Amazonis e Elysium.

As nuvens discretas ou localizadas, também surgem nessa época, principalmente a "Nuvem Azul de Syrtis" que, a exemplo de que ocorreu nas aparições de 1995 e 1997, ela deverá ocorrer antes da oposição. Também é necessário ficar atento ao surgimento das "Faixas de Nuvens Equatoriais", que surgem com o derretimento da Capa Polar Norte e ao aparecimento das Nuvens Azuis.

As geadas superficiais, que muitas vezes chegam a ter brilhos semelhantes às Capas Polares, podem ser detectadas principalmente nas bacias de Hellas e Argyre. Essas regiões estiveram muito brilhantes durante a aparição marciana de 1997. Hellas brilhava quase com a mesma intensidade de uma calota polar.

Nesse período pode haver o aumento de intensidade da atividade de poeira. Assim, as nuvens de poeira podem aparecer, inclusive formando tempestades de poeira locais ou regionais.

Planisfério de Marte (1993) - International Mars Patrol

GLOSSÁRIO:

A) NEBLINAS DE LIMBO (em inglês: Limb Haze): aparece como um arco luminoso no limbo nascente ou poente do planeta. É causada pela visão oblíqua da atmosfera marciana com seus aerossóis suspensos: cristais de gelo do tipo cirros, cristais de CO2 , poeira fina ou a mistura desses componentes. Eles desaparecem entre 8 ou 9 horas ou surgem às 16 ou 17 horas locais de Marte. Quando eles estão altos são melhor visíveis com filtro violeta (compostos de cristais de CO2 ) e se estão baixos, são visíveis com filtro azul (cristais de CO2 ou vapor d'água) ou verde (devido à mistura com a poeira amarela do solo).

O observador não experimentado pode confundi-las, às vezes, com algum possível fenômeno ótico do telescópio. A certeza só ocorre no momento de melhor nitidez da imagem: se for neblina fica bem evidente e se for fenômeno ótico ele desaparece.

B) NUVENS DO LIMBO (em inglês: Limb Cloud): É a condensação maior de uma neblina, tornando-as mais brilhantes e visíveis mesmo na ausência de filtros. Elas são comuns no amanhecer, podem se estender um pouco além da borda planetária e desaparecerem após o nascer do Sol. Em 1997, a região de Chryse apresentou um grande número dessas nuvens.

Existe um tipo de nuvem do limbo que é também notada próxima ao terminador de Marte e é conhecida como nuvens da manhã e da tarde. As nuvens da manhã, às vezes, são cerrações associadas à geadas próximas ao limbo matinal. Assim são melhor vistas em filtros azul esverdeados, azuis e até mesmo no amarelo. A cerração dissipa no meio da manhã, enquanto que a geada pode persistir na maior parte do dia, dependendo da estação. As nuvens da tarde geralmente são maiores e mais numerosas que as nuvens da manhã. Elas aparecem como manchas brilhantes isoladas sobre regiões desérticas claras no final de tarde e tendem a crescer com o anoitecer. São melhores vistas em filtros azuis.

C) NUVENS OROGRÁFICAS: São manchas brancas e discretas que surgem no alto das montanhas, principalmente nos vulcões da região de Tharsis e Elysium. Em 1997, as nuvens orográficas do vulcão Olympus Mons apareciam como um leve floco de neve, no meio do disco planetário, visível mesmo sem o uso de filtros (veja a revista Sky & Telescope de setembro 1997, página 102). Quando vistas no poente, essas nuvens brilhavam tanto que atingiam valores fotométricos de 0,2.

A formação de nuvens puntiformes em cada vulcão de Tharsis, causa configurações folclóricas conhecidas como nuvens em "Dominó" ou em "W" se elas coalescerem-se. Elas são constituídas de vapor d'água e são melhor vistas em filtro azul e violeta. Elas normalmente surgem à tarde e no final do dia e podem tornarem-se tão brilhantes como uma capa polar.

D) NUVENS DE POEIRA: São de formação rápida, mas demoram semana ou meses para se dissiparem. Elas se deslocam e causam redução da definição das marcas escuras do planeta. Podem ser precursoras das grandes tempestades de poeira. Elas surgem normalmente em Solis Lacus, Hellas-Noachis, Isidis, Chryse e Casius-Aetheria. São melhor visíveis em filtro laranja ou vermelho.

E) NUVENS AZUIS: São visíveis em filtro azul ou violeta e ocorrem mais freqüentemente entre o equador e a latitude 30°N. As análises polarimétricas indicam que essas nuvens são compostas de partículas muito pequenas e de natureza não definida.

F) FAIXA DE NUVENS EQUATORIAIS: É um fraco véu de nuvens branco-azuladas de forma variada que se estende através do disco de Marte. É melhor vista em filtro violeta e surge durante a sublimação de cada capa polar. Foi observada durante as aparições de 1992-1993, 1994-1995 e 1997 principalmente entre Tharsis e Amazonis. Na aparição de 1997, uma delas esteve tão brilhante que foi facilmente vista sem o uso de filtro. O Telescópio Espacial Hubble revelou que essas nuvens são mais freqüentes que o constatado no passado. No encontro de astrônomos planetários do Mars Telescopic Observations Workshop-II, concluiu-se que muitas das nuvens de limbo são simplesmente porções das Faixas de Nuvens Equatoriais vistas obliquamente no limbo planetário.

G) NUVENS LOCALIZADAS OU DISCRETAS: A mais famosa é a "Nuvem Azul de Syrtis", de natureza sazonal e conhecida há mais de um século, ocorre todo o ano marciano, quando próximo do solstício de verão do hemisfério norte e persiste por alguns dias. Essa nuvem aparece sobre as regiões de Libya, Isidis e Syrtis Major. Curiosamente o escuro Syrtis Major adquire uma coloração azul exuberante, principalmente quando visto próximo ao limbo do planeta. Aparentemente a coloração azul ocorre devido a superposição da Faixa de Nuvens Equatoriais, de coloração azul, sobre o Syrtis Major.