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MANCHAS DE ALBEDO


RECONHECIMENTO DAS MANCHAS DE ALBEDO:

Quando visto ao telescópio, Marte apresenta em sua superfície, regiões claras e escuras, conhecidas como manchas de albedo. Essas manchas possuem tonalidades heterogêneas e mantém um padrão secular quase constante.

De acordo com as sondas espaciais que analisaram o planeta, as manchas escuras são compostas de areia grossa, rochas e cinzas vulcânicas. As manchas claras de um pó fino e leve. Com a presença de fortes ventos (atividade eólica), estes fazem o pó fino (claro) deslocar-se, ora cobrindo e ora descobrindo as regiões de areia grossa (escura), causando algumas mudanças relativas na forma e tonalidade das manchas escuras. Muitas vezes, algumas manchas escuras chegam a desaparecer e outras surgem inesperadamente.

Certamente essas mudanças demonstram a intensidade da atividade eólica do planeta e ajudam a identificar as regiões marcianas de maior instabilidade climática.

Cada aparição de Marte, mostra um aspecto geral que difere tanto das aparições prévias, como de todas próximas aparições.

Alterações notificadas por telescópios podem ser percebidas em períodos de poucos dias a anos.

O trabalho de observação das manchas de albedo, através de telescópios, é muito importante. A descoberta de novas manchas não é raro. Em 1977, os observadores do I.M.P. descobriram uma mancha escura na região desértica de Aetheria. Esse acidente areográfico aparecia nas fotos feita pelo orbitador Viking em 1976, mas havia passado despercebido pelos cientistas da N.A.S.A. Em 7 de agosto de 1988, o norte-americano Stephen J. O'Meara, usando o refletor de 60 polegadas de Monte Wilson (E.U.A.), descobriu uma faixa escura estendendo-se ao longo da borda norte dos Mares Sirenum e Cimmerium, sendo depois batizada com o nome de "Valhalla".

Em 26 de fevereiro de 1997, Nelson Falsarella, utilizando seu telescópio newtoniano (D=200mm f6,5) observou também uma nova figura em Marte. Era uma faixa alongada e escura que ia de Tharsis a Memnonia. As suas duas extremidades estavam localizadas nas coordenadas areográficas de Latitude: 25ºN - Longitude 100º e Latitude 10ºS - Longitude 135º. A sua fotometria tinha valor 4, portanto bem escura. Também era melhor definido ao filtro azul, sugerindo-se que a sua coloração era de um vermelho escuro. A mesma faixa escura também foi observada nos dias 28 de fevereiro e em 1, 2 e 3 de março. No mapa marciano pode-se constatar que faixa corria exatamente entre os grandes vulcões marcianos da região de Tharsis. Ela separava os vulcões Olympus Mons e Alba Patera dos três grandes vulcões da Serra Tharsis. Trata-se de um vale entre montanhas. Outro detalhe demonstra que a faixa é melhor visível quando a região está próxima do limbo leste, momento correspondendo ao final da tarde local, quando os vulcões marcianos estão cheios de nuvens orográficas, que inclusive acentua o contraste da superfície com as brilhantes nuvens.

A descoberta foi divulgada na rede do International Mars Watch, sendo publicada pelo cientista norte-americano Jim Bell numa página da Universidade de Cornell, EUA: (http://astrosun.tn. cornell.edu/marsnet/imw96-97.html).

A faixa foi documentada através de imagens CCD feitas pelo Nelson Falsarella e também pelo norte-americano Donald C. Parker (ALPO) nos dias 1 de fevereiro e 7 de março, através de filtro azul e utilizando um telescópio de 41cm. As imagens feitas pelo Telescópio Espacial Hubble também revelam a região e a faixa, principalmente nas imagens do planeta feita em 10 de março e 17 de maio de 1997.

Checando mapas de albedo do planeta, em nenhum deles aparece a faixa. Da mesma forma procedeu o astrônomo japonês Dr. Masatsugu Minami do Oriental Astronomical Association (OAA), Japão. Dr. Minami procurou-o sem sucesso em mapas antigos e recentes. Ele também comentou ter detectado a faixa nos anos de 1980, 1982 e 1995. Reportagens do assunto foram publicadas nos jornais da OAA, "Communications in Mars Observervations" nº 187, página 2035; nº186, páginas 2021 e 2023 e principalmente no nº 201, página 2247, com ampla cobertura a respeito.

Uma vez considerando a importância da descoberta e pelo fato de Marte possuir muitos nomes de regiões homenageando localidades do planeta Terra, o autor sugere um nome para a União Astronômica Internacional oficializar. Em homenagem ao Brasil, poderia chamar-se Valles Brasiliensis.

Em relação às manchas de albedo, deve-se ficar alerta nas regiões escuras que sofreram modificações nos últimos anos: Solis Lacus, Trivium -Elysium, Daedalia-Claritas, leste de Sirenum, sul de Memnonia e Zephyria, Trivium Charontis, Cerberus II e III, Hyblaeus, Nilo-Syrtis, Sabaeus Sinus, Meridiani Sinus e Syrtis Major. O Syrtis Major não sofre alterações morfológicas desde 1990, segundo as imagens do Telescópio Espacial Hubble. Segundo Antoniadi (1930) e Capen (1976), o Syrtis Major possuia variações sazonais, ficando mais largo no meio do verão do hemisfério norte (Ls=145º) e menos largo durante o início do inverno (Ls=290º), logo após o periélio. Nas aparições de 1993 e 1995, o Acidalium mare esteve bastante escuro, mas clareou na aparição de 1997. O Trivium-Cerberus, no anel sul do escudo de Elysium, que aparecia como uma mancha escura, desapareceu nos anos 90.

0 uso de filtros alaranjados e vermelhos realça o contraste entre as regiões escuras e as claras.

Observação: Normalmente usa-se colocar o planisfério marciano com o sul acima e o norte abaixo.