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ASTROFOTOGRAFIA
COM CÂMERA FIXA
Ao
escrever sobre este tema pretendemos estimular o uso da astrofotografia, desmistificando
e apresentando de forma simples e direta conceitos clássicos e básicos.
Deixaremos nosso E-mail para discussões mais aprofundadas dos assuntos
aqui tratados além de críticas e troca de informações.
A Astrofotografia permite o registro permanente dos fenômenos celestes,
propiciando sua comparação posterior , tanto na astronomia observacional
produtiva, registrando estrelas variáveis, meteoros, eclipses etc.
quanto no registro de belas imagens , que obtidas de forma simples são
motivo de fascínio.
Para começar a fotografar o céu você precisa de uma máquina
fotográfica, um tripé e um cabo disparador.
A camera deve possuir as seguintes características:
1- Ser manual, não servindo aquelas automáticas que dependem
de bateria para seu acionamento, ou não permitam controle de foco,
diafragma e velocidade.
2-Possuir na escala de velocidade a posição B ( pose ) ou seja,
permitir que se mantenha o obturador aberto o tempo que se desejar e, para
isso, usa-se o cabo disparador.
Seria desejável , mas não imprescindível que possa trocar
as lentes( o uso de grande angulares e tele-objetivas ampliam os limites da
astrofotografia ), que o espelho pudesse ser erguido e travado e que o screen
de focalização pudesse ser trocado.
Inaceitável é não ter focalização precisa
e vibrações fortes ao ser acionada.
Munidos de nossa camera, tripé , disparador e de um filme de sensibilidade
média ( 400 ISO ) partamos para um local afastado das luzes da cidade,
preferencialmente em noites sem ou com pouca luz da Lua e mãos à
obra.
Iniciaremos com uma modalidade chamada camera fixa que nos permitirá
experiências gratificantes, antes porém uns dados importantes:
1- O movimento da Terra faz com que as estrelas se desloquem a 15º/ h
em nosso campo visual. Há um limite de exposição além
do qual o movimento aparente das estrelas fará com que elas apareçam
como um risco formando trilhas no negativo; como regra prática dividiremos
1000 pela distancia focal de nossa objetiva obtendo o tempo em segundos para
a exposição. Assim , objetiva de 50mm teremos 1000/50= 20 seg.
; para uma teleobjetiva de 135mm 1000/135= +/- 8 seg. etc. etc.
2- ANOTEM ! Facilmente esquecemos dados como, tempo de exposição,
abertura etc. . como regra sempre anotem número da foto, tempo de exposição,
diafragma, objeto visualizado, data, hora local da foto e toda e qualquer
intercorrencia.
Nossa primeira experiência será apontar nossa camera para uma
constelação conhecida ( Orion por exemplo) e com a objetiva
de 50mm na sua maior abertura, colocar o obturador em B e expor por 20 segundos
usando o cabo disparador com trava. Tenho certeza de que ficarão surpresos
com a quantidade de estrelas que aparecerão no campo, seguramente de
1 a 2 magnitudes alem do que se observa a olho nu. Façamos mais exposições
da mesma constelação com tempos de 30, 40 seg. e 1 minuto para
compararmos os resultados.
Agora apontem para outra área conhecida e deixem a máquina em
B , feche 2 pontos de diafragma e deixem 20 minutos de exposição.
Observaremos os trails, linhas luminosas formadas pelo deslocamento das estrelas.
Vocês serão capazes de notar melhor as cores das estrelas e ainda
assim reconhecerem as constelações.
Repitam a mesma foto focalizando a objetiva da camera para 30 metros, notarão
então que as estrelas desfocalizadas ficarão maiores exibindo
melhor suas cores. Façam isso com várias distancias e comparem
os resultados.
Apontem sua camera para o Polo Sul, focalize no infinito, fechem o diafragma
3 a 4 pontos ( se sua objetiva for 1.4 avance para 4 ou 5,6 ) posicionem em
B, usem o disparador para travar e deixem o filme exposto entre 30 minutos
e 1 hora. Veremos as trilhas deixada pelas estrelas girando em torno do Polo
Sul celeste, as cores das estrelas ficarão bem marcadas e em lugares
escuros e abertos notaremos a grande e a pequena nuvem de Magalhães
como manchas luminosas em meio às trilhas.
Muitas outras coisas podem ser feitas com uma camera fixa como registrar satélites
artificiais, meteoros, cometas, eclipses, ocultações além
de belas composições, como as plumas e cones de luz obtidas
pelo famoso astrofotógrafo David Malin. As iluminações
artificiais de fundo ( árvores ,casas ou outros objetos fixos em contraste
com o céu ) são muito usados para compor bonitas cenas, dêem
asas à imaginação !
Espero que essas dicas façam vocês porem mãos à
obra, e saibam que ao faze-lo estarão correndo o risco de se apaixonarem
perdidamente por essa arte maravilhosa que é a astrofotografia.
José Carlos
Diniz
diniz.astro@terra.com.br
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